A definição das políticas de saúde é vital para a sociedade, garantindo que todos tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade. No entanto, nem sempre é fácil conciliar as necessidades da população com as limitações existentes na oferta de cuidados de saúde. Deste modo, é muito importante a definição de políticas de saúde que centram a sua abordagem na pessoa, garantindo que as medidas adoptadas são ajustadas e especializadas, respeitando o direito fundamental à saúde e a equidade no acesso aos cuidados de saúde.
Para a definição de políticas de saúde centradas na pessoa, é essencial estudar os determinantes sociais e de saúde de uma população. Isso inclui entender as condições de vida, o meio ambiente e as circunstâncias socioeconômicas que afetam a saúde de uma população.
Os enfermeiros assumem um papel preponderante na participação diferenciada em projetos e definição de políticas de saúde. No entanto, para isso, é importante que o enfermeiro disponha de tempo de serviço e espaço. Sabemos que os enfermeiros desempenham um papel fundamental na prestação de cuidados de saúde, mas também são valiosos na identificação de necessidades e no desenvolvimento de soluções para problemas de saúde de uma população. Além disso, é necessário refletir criticamente sobre as práticas e ajustá-las às necessidades em saúde de uma população. Isso inclui participar do debate cívico e político sobre as reestruturações que se avizinham para o Serviço Nacional de Saúde, a integração de cuidados e a reflexão crítica sobre as dinâmicas geradas na articulação com o setor privado e social.
Investir na promoção da saúde, prevenção da doença, prestação de cuidados diferenciados, reabilitação e cuidados paliativos são outras ações importantes para a definição de políticas de saúde centradas na pessoa. Isso não apenas ajuda a melhorar a saúde da população, mas também pode levar a uma redução nos custos de saúde a longo prazo.
Por fim, as políticas de saúde devem apostar na sustentabilidade e rentabilidade na oferta dos cuidados de saúde. É necessário refletir se um tratamento de manutenção tem impreterivelmente de ser realizado num hospital diferenciado, levando a pessoa a deslocar-se 300km, com gastos para sua vida pessoal e com transporte, ou se aquele medicamento pode ser disponibilizado e administrado numa lógica de proximidade ao local de residência da pessoa, existindo aqui ganhos para todos.
Este é o tempo de todas e de todos nós, o tempo de refletir, o tempo planear, o tempo de organizar e procurar novas soluções, para garantir que todas as pessoas têm acesso a cuidados de saúde de qualidade, independentemente de sua condição socioeconómica ou localização geográfica, e contribuir para uma sociedade mais saudável e justa.